Vou começar esta nossa conversa
com as palavras de um famoso jurista, o Dr. Eduardo Juan Couture, falecido
desde 1956. Dizia ele: "Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia
encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”
Um direito conflitante com a
própria justiça. Parece estranho à primeira vista mas, absorvendo o sentido da
mensagem há um profundo significado que permite uma abrangência de construções
filosóficas e práticas.
O Direito nem sempre será justo;
para se obter a justiça, ainda que pela via do Direito muitas vezes será preciso
lutar, e esta deve ser a nossa escolha, sempre.
Muitas vezes lutamos pelo que
chamamos de nossos direitos, entretanto, sem nos preocuparmos, de forma sincera
se, de fato, a justiça será aplicada. Não apenas em relações entre partes, mas individualmente também.
Jesus disse para buscarmos
primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça, pois fazendo isto, todas as
coisas nos serão acrescentadas. (Mateus 6.33) Ou seja, a justiça sempre em
primeiro lugar. Esta justiça pode ser trazida para dentro de nosso ser e não
apenas a justiça regida pelas leis e poderes constituídos nas sociedades. É possível olhar para dentro de nossas vidas e analisarmos se
estamos sendo justos conosco mesmos ainda que em nosso pleno Direito.
Todas as coisas me são
permitidas, todas são lícitas, a todas elas eu tenho direito. Tenho o direito de fazer o que quiser com
minha vida. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm;
todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” (I Coríntios
10 .23) Porém, em uma averiguação íntima vamos descobrir se é justo a vida que
nós mesmos nos oferecemos em virtude, muitas vezes, de nossas convicções intocáveis,
hábitos inquestionáveis e costumes incontestáveis oferecidos por nosso direito
adquirido.
Quem estabeleceu determinados
preceitos sobre nós deu-nos Direitos que podem não ser justos. Pelo fato de alguém, ou a própria lei, autorizar que posso fazer algo, não
significará que será bom ou justo para mim.
É preciso lutar, ter minucioso
cuidado e a mais absoluta atenção às possibilidades de nossos direitos, pois
nem todos eles contribuirão para nosso bem maior que é a justiça conosco mesmos.
Pense nisto, e se necessário for,
abra mão de seus direitos para que você seja feliz e justo consigo mesmo.
Lembre-se: se o seu direito de liberdade conflitar com o que for justo com você mesmo, abandone o seu direito e lute pelo que for justo. Você será mais feliz.
Gilberto Horácio